Era uma vez um nobre príncipe que até tinha lá seu encanto
Muito solícito e apaixonado, fazia tudo pelas eleitas damas
Até que um dia uma bruxa má, disfarçada de linda donzela seduziu-o e levou-o para as profundezas de seus calabouços
Por ela, ele abandonou seu reino e sua espada
Porém, deste modo, despido, ele perdeu seu encanto, e ela abandonou-o
Sentindo-se traído, o belo varão jurou nunca mais se deixar enganar pelo encanto de outra donzela
Pediu à Feiticeira Branca uma poção que o permitiria encantar as donzelas e deixá-lo imune ao encanto delas
A partir desse dia, seria ele que as seduziria e abandonaria
Vestiu então para sempre uma máscara invisível que o protegia de apaixonar-se e o tornava ainda mais belo e encantador
Várias pretendentes tentaram achar o caminho para o seu coração, mas ele estava obstinado e quanto mais elas se davam, mais inacessível ele se fazia
Queira fazê-las provar uma a uma o amargo sabor da rejeição
Seu encanto ficou famoso em todo o reino
E assim, ano após, donzelas se apresentavam a ele na tentativa de fazê-lo encantar-se por elas
E ele ia guardando em uma cânfora de prata sua coleção de corações despedaçados que foi juntando ao longo dos anos
E todas a noites, ao beber desta água, ia ficando mais encantador
Sabia-o pelo efeito cada vez mais exacerbado que tinha sobre as mulheres
Porém ele mesmo não podia desfrutar de sua própria beleza
Fôra seu único tabu por parte da Feiticeira:
'não deverás nunca tu admirar tua própria imagem,
no dia em que o fizeres, morrerá'
Isso o intrigava e não achava justo não poder admirar-se
Até que um dia, não suportando tal privação, correu até uma fonte e debruçou-se sobre sua imagem
E ali ficou, fixado em seu próprio encantamento.
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