terça-feira, 13 de outubro de 2009

O ENCONTRO DO MAR COM A AREIA

"Adeus, adeus, pescador não se esqueça de mim, vou pedir pra ter bom tempo, meu nego, pra não ter temporuim..."

É um momento dramático que quase ninguém vislumbra ese processa continuamente, dia a dia, este que se dá na orla marinha.O mar velho, em sua sabedoria, sabe que é ncessário ir e retornar, a fim de não satisfazer por completo a areia e nesse balanço suave, ele abre seu ritmo próprio e sereno, sabe exatamente até onde irEnsina a própria arte de pescar, onde é preciso paciência, a isca certa e muito, muito silêncio...mas que difícil saber qual a isca para cada tipo de peixe, ainda mais porque o mar, provocativo,esconde o jogo, disfarçando seus tesouros atrás de pedras e corais, de modo que só se pode ver nuances,que iludem, ludibriam e, se não se toma cuidado, se é levado pelo doce balanço e sicilar das ondas e se perde,dissoluto na branca espuma. Por isso, cuidado, pescador, que o mar é mais antigo que teusantepassados, e a sabedoria dele ultrapassa esta beirada da praia e se esconde lá no além - mar. Onde homem nenhum ousou pisar sem por lá ficar,E eram homens de valor, que acreditavam tudo poder na luta contra a natureza (a deles próprios) e terminarammortos, levados pelo doce canto da sereia.Ao trocar a realidade salgada pela ilusão encantadora,abriram mão da própria vida em nome de um amor.Alguns, que foram resgatados, permanecem nesteencantamento, pararam de comer, de trabalhar, de amar,e se deixados sozinhos, jogaram-se de volta no mar.A vida na terra firme não faz mais sentido, porém como não são peixes também não podem ir viver com o motivo de seu enamoramento.Passam as vidas como quemesperam um milagre, olhando o encontro do mar com a areia esperando o dia de eles se misturarem à branca espuma. Sem se dar conta de que na verdade, mar e areia, apesar de sempre juntos, nunca deixam de ser quem são para se tornar o outro.

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