sexta-feira, 30 de outubro de 2009

QUEM DESDENHA QUER COMPRAR

O encontro com o outro provoca a pele, reabre feridas
tudo depende do quanto deixamos ele penetrar
Não é nossa escolha ele querer ficar e nos afetar
mas é de nossa responsabilidade o que fazemos com isso que nos afeta
Mais fácil é reerguer a couraça e vestir máscara da completude
E esconder-se por detrás desta fachada
Pena que assim o único encontro possível é com o seu mais velho amante: Sr. Orgulho
Mais difícil, para haver um encontro verdadeiro,
é abrir a possibilidade de esperar, ali, vulnerável
Aberta, sem disfarces, que ele possa nos alcançar
Espera difícil esta, onde o desafio maior é justamente este:
ouvir e não interpretar, responder e não fechar a questão
Despedir-se sem concluir precipitadamente
conseguir ouvir do outro só no que ele diz
E acreditar...
Sem tornar suas atitudes em prova de múltipla escolha, onde só existem duas opções:
ou cola ou não cola!
É muito difícil admitir-se que se pode perder...
e ficar sem nada, mesmo tendo feito tudo...
e que por algum motivo que eu posso nunca vir a saber, o outro não me quis
Mesmo eu o querendo e tentado
é possível não se conseguir
E a coragem maior é admitir ficar sem...
Sem substituir por qualquer outra coisa
só pra mostrar que não queria mesmo,
e a substituição vem fácil
Mas, admitindo que se quer e não se tem,
seja talvez a única maneira de se permitir ser tida
para finalmente realmente vir a ter

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