sexta-feira, 25 de setembro de 2009

SOBRE A BREVE(IDADE) DO AMOR

Que o meu amor era moleque
novo, espontâneo, ingênuo até,
que fala tudo o que sente
E impaciente, não sabe esperar
Exigente, bate o pé até conseguir o que quer
Não tem ainda o ar da maturidade
A capacidade de sonhar junto,
mesmo à distância, um futuro promissor
Necessita do aqui e agora,
do olhar, da voz, do toque
Tudo isso junto e misturado
E quanto mais, melhor
Não tem limite, só intensidade
É um moleque mimado
Mas também cativante
por sua vitalidade e dedicação integral
Isso tudo eu já sabia

O que até outro dia eu não sabia
Era que o amor morre
Que ele some, vai embora
Quase nunca por vontade própria
Mas, um belo dia, quando amanhece,
e vamos lá procurá-lo
ele não está lá,
foi reinar em outros quintais
Ele é moleque levado,
quando não vê mais moradia
(ou se enjoa da mesma)
Escapole-se por cima do muro
e vai-se embora, sem aviso prévio
O que fazemos então com o "até que a morte nos separe"?
Com esse amor passarinho,
estou mais para Vinícius
Sendo assim, será que vale a pena?
Pessoa responde e eu não posso revidar
O que vale é abrir as portas e janelas
e cuidar dele em tudo o que ele exigir
Desta forma, nos surpreendemos
com o que ele pode nos proporcionar a cada instante
Há beleza nisso também
O amor moleque tem a possibilidade
de ganhar experiência, maturidade
Viajar a lugares distantes
e conhecer línguas diferentes
E daí descobre que
ele se conhece mais, a cada encontro
A criança vive a intensidade do momento
Ela sabe
que não é necessário um futuro
para valer a pena o presente.

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