terça-feira, 27 de abril de 2010

"Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades.

Para viver a dois, antes, é necessário ser um."

Fernando Pessoa

domingo, 25 de abril de 2010

SONETO 141 – SHAKESPEAMRE

In faith, I do not love thee with mine eyes,
For they in thee a thousand erros note,
But tis my heart that loves what they despise,
Who in despite of view pleased to dote.
Nor are mine eares with thy tongues tune delighted,
Nor tender feeling to base touches prone,
Nor taste, nor smell-desire to be invited
To any sensual feast with thee alone;
But my five wits, nor my five senses can
Dissuade my foolish heart from serving thee,
Who leaves unswayed the likeness of a man,
thy proud hearts slave and vassal wretch to be:
Only my plague, thus far I count my gain,
That she that makes me sin-awards me pain
Sendo sincero, eu não te amo com meus olhos,
Porque eles em ti notam milhares de erros,
Mas é meu coração que ama o que eles desprezam,
Que ao invés de ver se contenta em seu apaixonar.
Nem minhas orelhas com o som de sua língua que encanta,
Nem carinhoso sentimento é despertado por um simples toque,
nem gosto, nem um cheiro provocante surge
Em algum deleite sensual contigo sozinha;
Mas meus cinco juízos, nme meus cinco sentidos podem
Despersuadirem meu coração tolo de te servir,
Que deixa descontrolada a aparência de um homem,
Teu corações orgulhosos escravos e vassalos infelizes serão:
Só minha praga, portanto longe eu estimo minha vitória,
Que ela faça minha dor merecedora de pecado.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A COLECIONADORA DE HOMENS

"Enquanto ela verificava se era possível ele se enquadrar em seu desejo
Ele chegou pra ela e disse que ela não se enquadrava no dele.
Simples assim, sem rodeios, nem meias palavras
Então o óbvio, até então encoberto, salta aos olhos
Ele é que estava com a razão: porque insistir em uma coisa que se sabe que não vai dar certo?
Em encontros feitos de desencontros
Ainda assim, ela insistia
Talvez por considerar que desistir não faz parte de seu repertório
Talvez por comportar a esperança de um vir-a-ser
Talvez por se conhecer o suficiente para saber que se desse tempo ao tempo, ia acabar decobrindo um sentido
Também por saber que um homem nunca vem pronto
Nem uma relação, que ela é construída
Pelo que se deposita, bem lentamente em sua superfície
Pouco a pouco vai sendo polido, fazendo emanar um brilho único, singelo e singular
Que pode ir aos poucos crescendo e ficando mais forte e mais bonito
E então ser possível ancorar significados naquele homem, de modo que ele pudesse vir a suportar seu amor
Seu reconhecimento, admiração e encantamento
E de fato, isso se iniciou

Mas este era só o seu processo
Ela se esquecera que do outro lado tem um desejo que é do outro
E este nem sempre segue o mesmo rumo do seu
(aliás,isso é praticamente impossível)
E então seu processo foi abortado
Não repentinamente
Pequenos indícios foram sendo dados de que ele não era mais o mesmo
Não estava mais completamente ali
E nem achava mais que valia a pena investir
Ancorar nela os seus significados próprios
Nem lutar para fazer aparecer o brilho escondido por debaixo de todas as perdas anteriores, os remorsos, os medos
Desfazendo todas as defesas para aparecer o ser humano puro, desarmado, vulnerável
Habilitado para se dar, se deixar levar
E amar

E ela ficou só, tratando de recuperar as casquinhas para mais uma vez não se ver nua
frágil, desamparada, rejeitada
Porque por mais que ela sempre tivesse sabido que um não fôra feito para o outro
Era difícil ouvir mais uma vez que ela não servia para ele
Porque a partir dessa afirmação, resvalava a pergunta:será que um dia vou servir pra alguém?
Será que vou encontrar alguém que me sirva?
Será que um dia vou me encontrar com meu desejo?
E conseguir suportar o desejo de alguém?

Mas isso é mais de uma pergunta
Então, por enquanto, recolho-me e limito-me a sofrer minha perda
Outra
Do jeito que vamos, um dia viro colecionadora:
De homens que não me querem
e que eu tampoucou quero
Onde é que isso vai parar?
Ou quando?"

(Milagres do Amor e da Poesia - Fabrício César)

"Escolho como sempre, com os olhos fechados, a poesia.
E se ela me escolhe: sou sem nome, e bem feliz.

Escolho como nunca, e abro os braços, ao amor.
E se ele me recolhe sou sinônimos, que nem quis.

Se soubesse que bastaria ter
o que se sente e sabe na ponta da alma,
entregaria minha ânsia, fé e calma
à sinceridade de sempre te reconhecer


todos e cada dia após dia
só para ouvir os milagres ao sol se pôr"