sábado, 27 de março de 2010

Cartas a um jovem poeta - RAiner Maria Rilke

"Seja paciente com relação a tudo que não está solucionado no seu coração e tente amar as perguntas nelas mesmas...Não procure agora as respostas, que não podem ser dadas a você porque não seria capaz de vivê-las. O importante é viver tudo. Viver é a questão agora. Talvez, então, aos poucos, sem perceber, você viva e encontre num dia distante a resposta"

sexta-feira, 26 de março de 2010

Inspirada por Drummond

Quando nasci, um anjo torto me disse:
"Vai, Mônica, ser sujeito na vida"
E vocês acham que isso é fácil?
Que é fácil carregar o peso do próprio desejo nas costas?
Desde então a voz do maldito anjo ao pé do ouvido
Não me deixa mais passar impune
Dizendo que necessito pagar o preço
Seja por escolher,
seja por deixar-me levar
E o preço disso é adoecer,
desfalecer no corpo
Abrir a porta para a morte
Que nunca mais poderei recolher-me a este rincão
Que nunca mais seria possível fazer os arranjos, presentes n(d)a vida
ignorando a pequena nuvem que se formou,
Para não criar confusão, não ter de brigar
Me diz que necessita ser levado a sério
E que nunca mais poderei retornar a este rincão
Que terei que escolher, a cada vez, e bancar minhas escolhas
Porque saí da inocência
E isso só se faz uma vez, na vida
Ao menos isso: de presente, ganho a vida!!

terça-feira, 16 de março de 2010

DECIDI

Parar de culpar os outros pelo que eles fazem a mim ou o que acontece comigo
Me responsabilizar pelas minhas escolhas
Perguntar o que eu tenho a ver com isso
Olhar pra dentro e guardar as pedras e construir meu patrimônio pessoal, em vez de jogá-las ao vento
Desde então, estou mais feliz
Mais leve, porque agora as pedras têm uma função, um lugar
Me tornei uma pessoa melhor, a paz finalmente me encontrou em casa, e consigo esperar pela paciência
Sei que sou capaz de atirá-las se for necessário
Mas sei que não preciso mais fazê-lo só pra me defender
Aprendi ser possível resolver situações sem ter que destruir patrimônios alheios
E que ao refrear-me responder à altura do que sinto, ganho em qualidade
De vida, de relações, de pessoas
Consigo peneirar o que realmente importa, e diferenciar desespero de amor
E aprendi várias formas de amar
Mas o mais importante, aprendi que pra ter as coisas temos que construí-las
e pagar o preço por elas
Só assim elas podem me pertencer de fato
Não serão apenas o reflexo de algo que admiro
Mas pedacinhos de vidro que eu posso chamar de vida, minha vida.

segunda-feira, 1 de março de 2010

ENTRE TEMPESTADES E BRISAS

Tem coisas que chegam pra nos tirar do chão
Nos fazer voar alto e nos precipitar despenhadeiro abaixo
Que nos faz palpitar o coração
E nos surpreeender a todo momento
Que nos provocam até o âmago de nossas estranhas
E nos faz viver de sobressalto em sobressalto
São dores e delícias,
fogo que machuca mas põe em movimento, incendeia,
Que passa fulminante, e deixa rastros, te tira do eixo,
Tal qual uma tempestade, leva tudo quando passa
E então, quando passa, sabemos que nunca mais seremos os mesmos

Tem outras coisas, que trazem a suavidade de uma brisa
A constância de algo conhecido, seguro
Que nos faz reacender a fé no ser humano e em nós mesmos
Que é previsível e sincero, transparente e dedicado
Que nos toma pela mão e nos conduz, suavemente
E temos a certeza de que nos levará por trilhas seguras
E não nos abandonará no meio do caminho
Não tem o fogo, mas tem a constância do Sol
Que dia a dia renova-se e te acompanha
Não te tira do eixo, mas ajuda-te a seguir o teu caminho
e compartilha, das flores e das pedras

A gente escolhe o momento e o lugar de cada uma dessas coisas na nossa vida.